20.9.09

Eu vi...

Eu vi algo de beleza
eu vi também uma certa tristeza
E tanta doçura em seu existir

E ainda há algo muito além
muito mais profundo
e tanto mais sentimento
que sem saber está a exprimir

Eu a vi pairar no ar
numa queda graciosa e leve
E ninguém sabe da sua dor

Eu a vi levar a vida
se desgarrando de rancor

E te reconheço
num explicar sem razão

Eu a vi transmutada na delicadeza
eu vi mesmo que em sonho
a essência da tua natureza

Eu eu nunca a vi.
Sou o melhor que pude fazer de mim
ainda assim me vejo tão distante
do que de mim mesma anseio

Já não me busco na perfeição
entendi que muito da vida é erro
e conserto ou reconstrução

E sempre existi um, se fosse assim
mas nada evolui sem o questionar
e que muito sou feliz
de nunca vir a me bastar

De que serviria eu continuar?
Se tudo de mim já se fizesse
Que dia viria eu a respirar?
se outros lugares já não quisesse

Assim vivo sempre a me desgostar
Me confundo e me perco
para sempre ter que algo novo a incorporar.

18.9.09

A muito tempo aqui não sento,
não respiro ou penso
apenas sigo o levar da vida
presa as horas, sempre sem tempo

Muito se vai, se faz, se transforma,
nada vejo, anestesiada na rotina...
Permaneço

Já não eu sinto, nem mesmo lamento
tudo de mim, absorvida
sem sentimento assim desprovida
passam-se dias, horas, meses
e assim nesta lida...
Já me esqueço

Algo acontece no fundo de mim e pouco percebo
nada me transborda
Passam-se pessoas, ventos, momentos
e na corrida destes dias
sou apenas meu sustento

Tudo tão pobre assim nesta hora
que muito de mim me vejo
reflito e me vem muito sofrimento
que só se faz nestes lapsos
onde sou mais...
que apenas um ponteiro do tempo.