18.2.09

As Ondas

Os recuos da vida deixam marcas
que a todo momento se sobrepõem
em seu avanço e recuo, sempre contínuo

E te vejo chegar e partir
como a areia aos pés do mar
sempre a aguardar o seu vir

Embora muito de ti parta
Sou árida e sedenta
Te absorvo, ainda que fujas de mim

Sua fúria por mais das vezes me arrasta
roubando pedaços de mim
que deixo ir e ir

Mas quando vem mansa
e suavemente me cobre
estou de volta ao ventre
e nada pode me ferir

Danço no seu movimento
me embalo em seu fluxo
e me misturo sem nem mais existir

Estou livre e flutuante
sou eu e você dentro de nós
a mergulhar e emergir

E quando me dou por mim
de volta a seus pés estou
em seu constante chegar e partir

15.2.09

Dentro dos muitos momentos em que existo
algo de ti persiste
assim, muito sem razão,
sempre presente
numa estranha sensação.

E ainda que no passado...
Sempre te espreita na decisão
sempre num passar, não passante

Algo de esperança simplesmente
que embora ausente
se faz em meu dia presente.

Que mesmo que não dentro
se faz o sentido de meu existir
Num pranto bonito
que se faz maior só por si

Dentro desses momentos e sentimentos
Onde Deus reside, no seu ato desmedido
Onde me encontro e me espelho
em minha incapacidade imensa

Sou eu assim, sem rumo ou destino
tudo bagunço, tudo desvio
mas o bem que busco é real, e imenso

Num existir de paixão,
assim luto, sempre,
numa existência sem padrão,
onde tudo que me diz a alma
é o que sigo sem noção.

E apenas sou eu
assim, frágil,
humana, cheia de emoção.