19.8.07

Anseio

Os olhos nas ruas caminham
Mas não vêem
Perdidos vagam
dentro do ser
em coisas pensam
que não podem ver

Olhos pregados ao corpo
limite dos desejos
por liberdade anseiam
Para o mundo contemplar

E em lágrimas se banham
Mas só os olhos vêem.

Raizes

As árvores solitárias nas calçadas
Me vêem passar
Sinto sua tristeza e agonia

E eu sempre a passar
No mesmo caminho
Com o mesmo olhar

Elas me reconhecem em si
E eu nelas

Ali não queriam estar
Assim como eu não queria ali passar
Dia após dia

Elas se olham na distância
Pelo homem imposta
Lançam suas sementes
Na esperança de suas vidas povoar
Mas o que há envolta, é só cimento

Elas sonham com florestas
Mas o que recebem é fumaça e chuva ácida

Assim como eu
Sonho com um mundo a contemplar
Mas permaneço meus dias
Nos mesmos lugares
Presa pelas raízes
Do dinheiro da rotina do trabalho

Gente



Somente
A mente inteligente
Mente

Mente de gente
O gentil também mente

Mente de gente
Demente gente
Mente

5.8.07

O Eu

Não temo a morte
a vida muitas vezes é pior que a morte

Morri muitas vezes em vida
em cada amor perdido
em cada noite escura
a cada momento em que me descubro

E tenho que ser
O que jamais fui
Sem saber

Já matei, já fui morta
e muito mais já me suicidei
A renascer
nem melhor ou pior
mas diferente

E tento ser tudo que não sou
pra afirmar a dúvida
pra me perder nos papéis

Não quero a certeza
Temo sua exatidão
Sem caminhos

E sujeita fico a confusão
ao eco da multidão
à vitalidade do tumultuo

Nada do que disse é o que sou
e nada do que penso, é a verdade
mas sim, verdades minhas

Verdades múltiplas
Que se debatem
Ricocheteiam na cabeça

E minha verdade é mutável
E quando não mais for... morri.

7.6.07

Compre! Compre tudo que puder
Esqueça essa coisa de viver
Ganhe! Ganhe sempre mais
é o unico meio de existir

Bombardeios de propaganda
e desejos...
Desejos se inflamam
e pedem por coisas
que não me servem de nada

Entulhem suas casas
é preciso ter
para aumentar o vazio do ser

Compre carros, tv e cerca elétrica
E propague em si a solidão