3.3.10

Numa realidade estranha
Sem sentimento, nem tempo
A vida se escoa

Ali sento, me absorvo
Não vivo, não sinto, não cresço
Sentada ali permaneço

Vazia, sem palavras, só penso
E às vezes nem tempo tenho
Apenas executo
Este é meu preço

Alienada a mim mesma permaneço
Passam as horas sem significado
passam-se muitos momentos
que me abstenho
e nunca hei de mais ter

Passam as pessoas
Que se fogem desta vida
Mas não posso sentir, apenas sigo
Nos dias brancos que se alinham

Estou morta a toda manhã
E morta me mantenho
Me supro, adquiro coisas e envelheço

Uma voz ainda dentro de mim não sucumbiu
E se espanta ao olhar tamanho absurdo
Mas a roda vira
E de manhã mais um dia padeço.

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