Numa realidade estranha
Sem sentimento, nem tempo
A vida se escoa
Ali sento, me absorvo
Não vivo, não sinto, não cresço
Sentada ali permaneço
Vazia, sem palavras, só penso
E às vezes nem tempo tenho
Apenas executo
Este é meu preço
Alienada a mim mesma permaneço
Passam as horas sem significado
passam-se muitos momentos
que me abstenho
e nunca hei de mais ter
Passam as pessoas
Que se fogem desta vida
Mas não posso sentir, apenas sigo
Nos dias brancos que se alinham
Estou morta a toda manhã
E morta me mantenho
Me supro, adquiro coisas e envelheço
Uma voz ainda dentro de mim não sucumbiu
E se espanta ao olhar tamanho absurdo
Mas a roda vira
E de manhã mais um dia padeço.
3.3.10
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